Prazer

Minha foto
São Paulo, SP, Brazil
Vinte anos, estudante de ciências sociais, atriz do grupo "Pequeno Teatro de Torneado", filha de uma carioca com um pernambucano.

sábado, 10 de dezembro de 2011

girador

por conta de errar
onde eu devia entrar
fiquei muito pra trás

e de tanto esperar
o movimento da vida
perdi o dia da tua partida

me leve para dentro
do seu sobrado quente
me conte suas histórias
me fale sobre os dentes
que arrancaram de você
que sangraram até morrer
até o sangue frio
tomar o seu vestido
e te pintar o tecido

porque eu não me sinto mais capaz de me levar por lá
me empurra então
a ponto de querer me perder
no meu andar capenga
no teu perder querer

ladeira que me leva ô
ladeira que me arrasta ô
ladeira dessa vida ô
vida tão quebradiça ô

ladeira que me quebra ô
ladeira que me esmaga ô
ladeira de olinda
ladeira despertada
ladeira torneada

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Um sopro

Faz muito tempo que estou tentando contar uma história sobre pernambuco, rio de janeiro, uma menina "da rua", um homem fotógrafo, um amor do século XX, frevo e samba e morte.

Tudo começa com um sopro.

Espero que esta seja a inspiração para solta-lo.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Pulsantes


Não gosto de fotos tortas.
Preto e branco ou cores bem acentuadas me alegram profundamente.
Gosto de sentir a leveza da foto,
e de resto: sempre penso no vento que estava batendo no momento do clic.

Por mim, os vestidos de tecidos leves e com comprimentos curtos deveriam ser uniformes usados por todos.
Tanto por homens quanto por mulheres.
Acho que eles representam extremamente bem a harmonia que busco no mundo: de leveza na nudez e de peso invisível no mudo.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Nosso

Nunca comemorei o dia dos namorados. Não sei se é porque nunca tive um namorado durante este período, ou mesmo deixei passar essa data como outra qualquer, como se fosse mais um dia dos meus dias.

Devo dizer que até hoje, achei um pouco brega a existência de uma data como esta. E até mesmo zombava internamente de quem optava por presentear o (a) amado (a) nesse dia.

Porém, por pura ironia do destino (ou mesmo mau caratismo desse próprio sujeito) este ano não passarei essa data solteira. Não digo sozinha, porque nos anos anteriores nada que um encontro entre amigas com as nossas amadas cervejas não resolvessem.

Desde então, vejo-me perdida pelos cantos da cidade, ou até mesmo surtada na minha própria criatividade. Como presentear o meu amor?

Antes mesmo desse questionamento deparo-me com a crise de identidade que criei internamente, questões como "Eu agora tenho um amor?" e "Eu tenho que dar um presente para esse meu amor?" são primordiais para se avaliar se você deve ou não levar essa data a sério.

Pensei em conversar com o meu rapaz, e os diálogos sobre essa questão foram os seguintes:
- Meu querido, vamos ficar juntos nesse dia?
- Acho que sim!
- E presentes, que tal presentes?
- Aaa.. sei la!

Pois é, o rapaz também não sabe o que fazer. Tudo bem que somos estudantes de ciências sociais e sempre tem aquele discurso de mais uma data comemorativa criada pelo sistema capitalista e blá blá blá. E não, eu não acredito que essa minha falta de sono nos últimos dias seja gerada apenas pelo sistema capitalista (não vou retirar um pouquinho da verdade disso, mas não vem ao caso, certo?).

De fato quero presenteá-lo. Não apenas pela data, é obvio que a data me induziu a essa vontade de encontrar um presente para ele, mas não necessariamente devo consumir algo ou coisa do tipo.

Juro que pensei em tudo, desde coisas que facilitem a vida dele como um despertador para ele não acordar mais atrasado e não ficar irritado com ele mesmo durante o resto do dia, até uma almofada colorida que ele vá encostar a cabeça e repousar posteriormente seus dias corridos. Desde uma agenda para ele se organizar até uma cesta de coisas gostosas que ele gosta (como pistache e fandangos). Desde um porta retrato com uma foto nossa para ele acordar e amenizar a saudade que ele tanto reclama até um cobertor costurado por mim para esquenta-lo e acalma-lo.

E aqui estou eu, sentada, as 3h32 da manhã pensando como presentear o rapaz que tomou meu coração nos últimos tempos. E devo dizer que resolvo às vezes não dar nada. Resolvo apenas abraça-lo todos os dias e dizer que os nossos dias são nossos, não dos namorados, mas de nós dois.

Eu e ele, donos de todos os dias. Dono dos nossos dias que criaremos com o tempo que determinaremos, com a calma que possuímos e possuiremos. Que o presente seja a nossa superação e o nosso aprendizado um com o outro, os nossos afagos mais seguros, os nossos passos mais calmos e conscientes, a nossa divisão um com o outro. E se eu fosse te dar um presente meu querido, seria essa preocupação e esse zelo que eu tenho por ti, que não cabe dentro de mim e não cabe fora de você..

Envolvendo-te e protegendo-te.

Feliz dia nosso. Feliz hora nossa. Feliz mês nosso. Feliz nosso, hoje e sempre.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Sob uma mão o peso.
Sob outra mão a leveza solta e bamba, e samba.
Samba belo, com cada dedo em um toque, em uma parte do corpo pesado.

Ô meu pandeiro, não me deixe só com o violão e o cavaco.
Não deixe eu me perder no ritmo, não deixe eu só me harmonizar nessas cordas solitárias.
Me acompanhe nesse choro, assim eu diminuo a minha troca corrida de correr sem ter um porquê.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Uma vez Bia me disse que gostava desde sempre de se deitar sobre o peito de Luiz, encostar o seu ouvido nele e escutar a voz dele vindo de dentro.
Outro dia resolvi fazer isso com Beth, e a suavidade da sua voz conteve qualquer dor que a mim pertencia, como se fosse um fluxo apaziguador que a cada sopro eu recebesse um zelo de afago.

Desejo para todos a quem quero bem que deitem a sua cabeça no peito de quem você gosta, e escute essa pessoa o mais internamente, o mais dentro de suas entranhas.

Painho II

Declaro a minha vontade de estar por perto.
De abraço sincero.
Apertado, quente, singelo.
Só nosso.
Declaro a falta que eu sinto de entrar no carro ao seu lado e cantarolar uma canção qualquer, baixinho, para nós mesmos e ao mesmo tempo um para o outro.
Declaro outras coisas, minuciosamente, o medo que eu tenho de você morrer.
Por todo esse tempo em que estivemos ausentes um do outro, percebo o quanto me arrependo e ao mesmo tempo agradeço por tudo o que passamos juntos.
Porém, antes de sentir a sua ausência, declamo que sinto muito mais essa saudade me arremeçando para perto de você do que a falta em si própria.
Percebes a diferença de saudade?
Encontro-me te amando cada dia que se passa mais, e mais e mais.
Encontro-me sem jeito de assumir para mim mesma que te quero por perto, que prezo por te zelar e te acompanhar, por viver contigo, por sentir o teu silêncio intenso e velho perto do meu silêncio, ingênuo e novato.
Te cuida meu velho, te aguenta mais um pouco para eu te aguentar muito mais.
Quero por tudo que existe que você conheça meus filhos, o meu marido, a minha casa, o meu trabalho, a minha arte.
Quero ainda muitos anos pela frente ao teu lado.
Deitar minha cabeça em sua coxa e receber um afago sincero, receber um cantarolar de um frevo no meu ouvido.
Receber um abraço teu, meu pai.
Aguenta as pontas.
Que eu seguro o teu teto.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Brejo da Madre de Deus


Olhei no dicionário hoje.
Descobri que uma das definições para Brejo seria "terra em que só nascem urzes".
Descobri ainda que Urzes é um tipo de planta de pequeno porte que possui uma bela floração.
Ainda somando a compreensão do significado de cada palavra, descobri que Madre também significa "útero, matriz".
Posso chamar então, a cidade de Brejo da Madre de Deus de: Terra em que só nascem flores do útero de Deus.
Descubro assim que Deus possui um útero. Um útero quente, que encontra-se no agreste de Pernambuco. Nunca fui para Brejo. Minha relação resume-se na condição sanguínea.
Meu avô saiu de Brejo da Madre de Deus para vender um rebanho de gado, parou em Santa Cruz do Capibaribe e conheceu minha avó. Lá eles se casaram e tiveram filhos (um deles, é o meu pai).
Porém, acredito que minha relação com esse local não se resume ao traçar geográfico e o fisiológico. Abri o dicionário hoje com o intuito de me reconhecer mais, mesmo não sabendo onde, e por incrível que pareça o dicionário foi a bússola mais certeira que me disponibilizou um norte verdadeiro.
Não escolhi um mapa, mas sim um definidor de palavras. Me encontrei então: vim de uma terra em que nascem flores do útero de Deus. Meu avô é uma flor, meu pai é uma flor, e hoje, sinto-me uma flor.
Sou uma flor que não sabe de qual terra brotei. Onde a minha semente se acomodou, se esquentou, se alimentou e se fez nascer. Nunca senti a quentura pura que me aqueceu e me estimulou a crescer. Nunca senti a perda de água neste local devido a transpiração e respiração do meu corpo.
Sinto apenas a quentura do outro. E essa vontade que me move por dentro de tirar o sapato e pisar descalça nessa terra seca. Terra quente. Sentir meu pé na cor de barro avermelhado aparentemente sujo, e ao mesmo tempo límpido. E o vento do nordeste. A ventania que te assopra e se materializar nos seus fios de cabelo, que suavemente vão se rebatendo contra você.
Devo dizer ainda para você, uma pequena questão do frevo. Frevo no dicionário significa "conflito, frege, rolo". É no conflito da saudade que o frevo se nomeia. Sua festa é uma vez por ano, e no resto do ano sentimos saudade dele. Repare nas letras dos frevos, como essa saudade é presente.
O tempo é cíclico. É um girador eterno. E a saudade vai com ele. A saudade da terra do meu pai pulou para mim, me arrebatou e me isolou em um frevo eterno de ausência sofrida de algo que eu nunca tive, nunca terei e nunca conheci.

quinta-feira, 17 de março de 2011

velha guarda

Não vê meu bem,
Que o tempo todo estou aqui, parada
Atordoada com o tempo corredor
Me desespero sobre a sua falta
Me encorajo a não perdê-lo, amor

Não vê meu bem,
Cada minuto se desdobra em dobras
E a nossa pele toda enrrugada
Retém a falta que você me trás, amor

Não vê meu bem,
Cada pedaço que eu me despedaço,
Cada demora que eu te entrego, e faço
para nós dois nos encaixarmos assim

Pois tive sim,
Mas comparar com o teu amor seria o fim
E vou calar pois não pretendo amor te magoar.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

"Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós." C.Lispector


sf (lat fide) 1 Crença, crédito; convicção da existência de algum fato ou da veracidade de alguma asserção. 2 Crença nas doutrinas da religião cristã. 3 A primeira das três virtudes teologais. 4 Fidelidade a compromissos e promessas; confiança: Homem de fé. 5 Confirmação, prova. 6 Testemunho de certos funcionários que faz força nos tribunais; confirmação de um testemunho. F. conjugal: fidelidade que reciprocamente se devem os cônjuges. F. de carvoeiro: crença inabalável, que não tende a razões ou argumentos. F. de Cristo: a crença ou a religião cristã. F. de ofício: a) folha de serviços de um funcionário ou de um militar; b) fé baseada na honra do cargo ou profissão de quem atesta ou abona. F. de réu: certidão pela qual o oficial público declara haver citado alguém para qualquer fim. F. divina: crença que se apóia na revelação. F. humana: a que se assenta na autoridade dos homens. F. implícita: a que, sem prévio exame, se deposita em alguma coisa. F. pública: confiança que as instituições ou os magistrados públicos nos inspiram. F. púnica: promessa desleal, traição. "Mais vale a fé que o pau da barca" (provérbio): aplica-se quando algo aconteceu como por milagre. Boa fé: a) convicção de agir de acordo com a lei; b) ausência de má intenção. Má fé: má intenção; maldade.

vitalidade
vi.ta.li.da.de
sf (lat vitalitate) 1 Qualidade do que é vital. 2 Conjunto das funções orgânicas. 3 Força vital.

Diante de toda essa nossa convivência nos últimos tempos, posso afirmar que voltei a ter fé dentro de mim. Não sei ao certo pelo que.. mas você tem me mostrado todo o tipo de Deus que existe nesse mundo, principalmente o seu próprio Deus, e isso me encanta profundamente.
Pois essa sua vitalidade tem feito crescer por aqui uma grande força que eu já nem me lembrava da existência, um tipo de força que eu já estava por cá desacreditando.