Prazer

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São Paulo, SP, Brazil
Vinte anos, estudante de ciências sociais, atriz do grupo "Pequeno Teatro de Torneado", filha de uma carioca com um pernambucano.

terça-feira, 18 de maio de 2010

A questão do educador

Eu sempre me interessei muito por educação.
Não sei ao certo o porquê, mas eu acho incrível um ser humano se dedicar para ensinar outra pessoa. É uma fé que sempre me estimulou a continuar estudar, uma fé de acreditar que você pode mudar alguma coisa, no simples movimento da troca. Troca de informação troca de conhecimento, troca de humanidade. Com certeza, para mim, educação é sinônimo de troca. Porque ao mesmo tempo em que você educa alguém, você está se educando.

Hoje em dia consigo compreender a importância da escola na formação de um indivíduo. O quanto aquela escola passa valores que ficarão impregnados.
Quando eu era criança, morava em Recife. Morei cinco anos lá. Um tempo que com certeza foi bem marcante na minha formação como pessoa. Eu me lembro, que na escola onde eu estudava, tinha uma árvore de carambola. Lembro-me que eu subia naquela árvore e comia carambola. Hoje em dia, sempre quando vou para Recife, volto no Solar da Criança e lá está a árvore de carambola. Lembro das fantasias que usávamos nas festas de carnaval. Lembro das cores, e da sensação da areia nos meus pés.
Depois, morando em São Paulo, fui estudar em um colégio católico. Estudei oito anos lá. E por último, estudei na instituição educacional Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.

Tive professores incríveis, nesses três locais. E sempre fico me perguntando, que o fato de eu ter tido aula com o professor Marcelo, de Geografia no Liceu, muito me estimulou a fazer ciências sociais. Sempre pensei isso.

E isso ficou ainda mais comprovado agora, no cursinho. Eu estudo no Anglo Sergipe, e vou prestar Ciências Sociais e História da Arte. Não tinha certeza do que ia prestar até o final do ano. Pensava nesses cursos fazia um tempo, mas certeza, certeza, não era exatamente o que eu sentia.

Bom, existe um professor no anglo que eu devo citar por aqui. Irei citar como exemplo, porque a maioria dos professores do anglo faz isso:
Literatura. A primeira aula que eu tive foi com o professor Maurício, foi um ponto marcante. Com certeza, depois daquela aula, eu sentia a sensação de: "é isso o que eu quero para minha vida". Esse contato com a arte. A aula do Maurício é uma aula totalmente sensorial. Ele expõe o universo que ele precisa para a aula, para você compreender não apenas teoricamente, mas sensorialmente. O que é sentir o romantismo, a imagem do romantismo, o som do romantismo. O que é o jogo de sombra do barroco. E ele utiliza recursos tão incríveis, às vezes só ele falando uma seqüência de palavras já é de uma compreensão fácil. Porque são palavras que te remetem a sensação.
Eu me lembro muito dos processos de teatro do meu grupo, do Pequeno Teatro de Torneado. Sempre quando terminamos de improvisar uma cena, nos olhamos e perguntamos uns para os outros: "quais foram as sensações ao longo da cena?". Pois então, quando eu termino a aula do Maurício, eu fico apenas sentindo aquela sensação. Não de término de aula, mas sim do universo que ele trouxe.
Fico me perguntando isso, quando a aula do Maurício termina, quando a aula do Professor Augusto (de geografia) e do Professor Renan (historia geral) terminam. São aulas tão sensoriais no meu ponto de vista.

E COM CERTEZA, esses três professores me estimularam muito na minha decisão profissional, na escolha do: "o que eu quero ser quando eu crescer?".
Acho que mais do que me estimular, eles me ensinaram como ver a educação de outra forma. Como levar o meu teatro pra sala de aula, por exemplo. Como trazer o meu cotidiano para a aula, como compreender melhor o meu cotidiano.
Acho que mais do que ser um professor, o Augusto, o Renan e o Maurício são provocadores. Uma espécie de cúpido que fazem você se apaixonar por história, geografia e literatura. Provocando essa busca própria por conhecimento.

Eu só tenho vontade de dizer um "Obrigada". E não só quando eu passar no vestibular, mas sim todo dia, quando termina a aula.

Então qual seria exatamente a questão: precisamos de educadores, ou de provocadores e estimuladores?
Qual seria a formação certa para esses provadores e estimuladores?
Precisamos de uma sala de aula ou de alguém que nos remeta sensorialmente as questões que serão abordadas em aula, nos levando a tal universo discutido?
O educador deve levar o mundo que está fora da sala de aula para dentro dela, dialogando com a realidade?

Ainda não sei. Que as respostas venham em meio as aulas e aos “obrigada” no fim das aulas.

6 comentários:

  1. Pra mim, os educadores têm que se imbuir do universo da provocação.
    Também gosto dessa parte. O aprendizado me encanta! obrigada por ter algo a me ensinar!
    beijo

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  2. Oi! vim aqui te dizer que tenho um selinho pra você no meu blog!

    www.amantesdiamantes.blogspot.com

    beijs ;*

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  3. Eu também tive a sorte e o prazer de ter professores assim, que me mostrassem o mundo, despertassem o desejo de se aprofundar, querer saber mais, descobrir mais... acho lindo se dedicar a repassar o conhecimento obtido... ato generoso!
    Esse é o tipo de teatro vivo, que sentimos tanta falta. É a pessoa que fala/age com o coração, se entrega inteiramente, mexe de verdade com a gente.
    Aí seus questionamentos sobre a formação dos ''ensinadores'' se torna mais do que pertinente.

    beijo!

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  4. Também sou encadada pelo mundo da Educação, e foi também por Literatura - secundariamente por Historia - que eu me enfeiticei por esse universo... tanto, tanto tanto que penso em Fazer Letras - someday - porque acho a profissão mais linda a do Professor! Oras provocador oras estimulador, sempre educador, e mais um pouco as vezes amigo.
    Eu vou começar o curso de Arquitetura - eu não sei o pq não tentei fazer letras... estou descobrindo a vida e como vive-la, ainda erro muito, e algo me diz q isso será assim para sempre XD -, Arquitetura me conquistou pela arte, pelo título de artista.... letras pelo propósito..... e eu não sei onde estarei amanhã.

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  5. Muito legal o post. Tenho a exatamente a mesma sensação de querer falar aquele "obrigada" para os profs da Sergipe. Especialmente o Mauricio e o Renan tmb.

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  6. Só vi este post hoje! Me Deus! Super atrasado, mas decidi deixar um omentário aqui paa você saber que ando acompanhando admirado suas andanças para dentro de você mesma! Parabéns por buscar e expressar sua busca, provavelmente estimulando muita gente a procurar sempre, pra sempre.
    Um grande beijo e muito obrigado por seus comentários carinhosos.

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