Prazer

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São Paulo, SP, Brazil
Vinte anos, estudante de ciências sociais, atriz do grupo "Pequeno Teatro de Torneado", filha de uma carioca com um pernambucano.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

E é assim, que eu cantarolo "cucurucucú paloma", do caetano, faz uma semana.

Canto-me à vida.
Canto porque do pranto fez-se o riso.
E de tanto escorrer tal pranto, o meu canto se abre para desatar todos nós que existem em mim.
O teu eu, o meu eu.
Olhar-te de tal forma embaçada que o meu olho derrama,
Derrama-te.
Você escorre sobre o meu corpo, e eu sem forças para te enxugar, te deixo sobre mim.
Assim, perpetuando-se em minha pele.
Você se alastra sobre meu rosto,
Sobre os meus traços,
Sobre minha pele vivida,
Minha pele envelhecida.
Chega a minha boca.
Chega aos meus lábios,
E me toca,
Toca-me ainda mais do que já me tocava.
Eu te toco, te sinto molhar salgadamente fazendo com que as minhas línguas possam te engolir.
Minhas palavras são tuas palavras ditas de outra forma.
E te canto.
Acabo me cantando.
Nossa voz reverberou nas paredes ao longo dos meus dias.
As palavras foram pintadas nas paredes da minha casa, com aquela tinta que saiu dos meus olhos.

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