Prazer

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São Paulo, SP, Brazil
Vinte anos, estudante de ciências sociais, atriz do grupo "Pequeno Teatro de Torneado", filha de uma carioca com um pernambucano.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Uma história de Jardim

Era uma vez Maria.

E tudo o que ela mais sentia era um arrepio, que vinha de dentro.

As clássicas borboletas que batem asas dentro do estômago, e que faziam ela se controlar para não vomitar insetos por aí.

Parecia que, quando havia se conformado que não existiam mais insetos e nem mesmo assas coloridas de animais que vivem menos de vinte quatro horas, nasceram flores dentro dela.

As flores só comprovaram que os cientistas erraram na hora de classificar o tempo que uma borboleta vive. Porque depois que nasceram flores, Maria não dormia de tantas borboletas que iam nascendo dentro de si. Cada dia era uma quantidade maior de borboletas, ao ponto que ela concluiu que as borboletas não morriam.

Acontece também que as flores não murcharam, e sim foram desabrochando. Uma em cima da outra, foram surgindo milhares de flores. Novas flores, cada vez mais cheirosas e grandiosas. A única coisa que Maria se perguntava era qual semente ela havia comido sem perceber. Porém, não se incomodava. Não se incomodava nem sequer por um momento, nem sequer com a idéia de estar surgindo seres vivos dentro de si, ela já estava se preparando para isso durante toda a sua vida.

O sangue levava os óvulos.

O sangue levava as sementes.

Foi do dia para a noite, Maria havia se tornado um jardim de flores e borboletas coloridas.

E mesmo se alguém passa-se por Maria, compreenderia que ela sentia um arrepio que fazia a cidade florescer e renascer, de tanto amor que Maria havia plantado.

É que o João vinha de dentro.

É que toda Maria precisa de um João.

É que toda pequenina flor precisa de alguém para beijá-la, como uma borboleta.

E Maria, se transformou ao mesmo tempo em flor e borboleta.

Foi-se.

Criou raiz.

Deitou em sua terra.

Ali, se abriu, e ficou por todo o sempre.. sendo sempre feliz para sempre.

Um comentário:

  1. Fábulas.Contos e cronicas.
    Muito bom.
    Me lembrou um conto do Caio Fernando Abreu que fala sobre loucura e borboletas;

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