A ausência é um fator determinante para continuarmos a nos movimentar.
É aquela típica falta que nos move. Vivendo a partir do impulso do que nos resta.
Todo mundo sabe disso.
A verdade são as promessas que fazemos para nós. A promessa de que tudo voltará a ser como antes. Eu me deito as 11h00 da noite, imaginando se o tempo passa se e se as coisas voltassem ao normal. E eu vejo, que talvez não seja exatamente isso o que eu quero. Eu mudei, você mudou, e nos encontramos em situações totalmente diferentes. Mas a ausência que você me deu, de presente, de brinde de passagem com a sua ida, me fezeu perder a vontade de encontrar a volta. E essa volta, que eu tanto desejei muitas vezes se perde, dentro desse impulso que me resta.
Bebo um café. Mais um café. Quando olho para a minha mesa vejo apenas xícaras, canecas, copos. Todos com aquele fundo escurecido. Todos esperando para serem lavados e voltarem a sua vida ativa.
Coloco mais uma caneca na mesa, aumentando a família. Já passou na minha cabeça, plantar sementes de girassol nessas garrafas. Ver se os girassóis nasceriam rápidos e mostrariam o caminho que o sol nasce e morre.
Já pensei em deitar em minha cama, amassar as folhas dos textos que escrevo e ficar tentando jogá-las, dentro dos copos, dentro das canecas.
Também pensei em quebrados, fazer uma pirâmide, equilibrados com os dedos, mas nunca.. Nunca pensei em lavá-los.
Em nenhum momento, passou na minha cabeça, retira-los daquele local e levar até a pia, passar uma água, e guardá-los novamente dentro do armário.
Não queria lavar minha mão. Lavar os meus copos. Nem mesmo sair daquele quarto a favor de arrumar minha mesa e ter espaço para preencher o novo vazio.
É uma opção. Ter uma bagunça, apreciá-la, e me fechar. Dentro do meu quarto. E analisar os copos com café, as xícaras com café, as canecas com café.
Talvez tentar pegar as ultima gotas no fundo, juntam-las todas em um liquido só e beber, tudo de uma vez. Para pelo menos terminar com aquele negro fundo. Mas não.. a questão era que tudo continuaria sujo.
Já já eu prometo me levantar, e lavar os copos.
Eu só preciso que as minhas pernas lembrem o caminho da cozinha. Não, eu não prometi para elas que tudo voltará a ser como antes, só para elas que eu não prometi.
Maravilhoso!
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