Prazer

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São Paulo, SP, Brazil
Vinte anos, estudante de ciências sociais, atriz do grupo "Pequeno Teatro de Torneado", filha de uma carioca com um pernambucano.

sábado, 20 de março de 2010

copos, xícaras e canecas...

A ausência é um fator determinante para continuarmos a nos movimentar.
É aquela típica falta que nos move. Vivendo a partir do impulso do que nos resta.
Todo mundo sabe disso.
A verdade são as promessas que fazemos para nós. A promessa de que tudo voltará a ser como antes. Eu me deito as 11h00 da noite, imaginando se o tempo passa se e se as coisas voltassem ao normal. E eu vejo, que talvez não seja exatamente isso o que eu quero. Eu mudei, você mudou, e nos encontramos em situações totalmente diferentes. Mas a ausência que você me deu, de presente, de brinde de passagem com a sua ida, me fezeu perder a vontade de encontrar a volta. E essa volta, que eu tanto desejei muitas vezes se perde, dentro desse impulso que me resta.
Bebo um café. Mais um café. Quando olho para a minha mesa vejo apenas xícaras, canecas, copos. Todos com aquele fundo escurecido. Todos esperando para serem lavados e voltarem a sua vida ativa.
Coloco mais uma caneca na mesa, aumentando a família. Já passou na minha cabeça, plantar sementes de girassol nessas garrafas. Ver se os girassóis nasceriam rápidos e mostrariam o caminho que o sol nasce e morre.
Já pensei em deitar em minha cama, amassar as folhas dos textos que escrevo e ficar tentando jogá-las, dentro dos copos, dentro das canecas.
Também pensei em quebrados, fazer uma pirâmide, equilibrados com os dedos, mas nunca.. Nunca pensei em lavá-los.
Em nenhum momento, passou na minha cabeça, retira-los daquele local e levar até a pia, passar uma água, e guardá-los novamente dentro do armário.
Não queria lavar minha mão. Lavar os meus copos. Nem mesmo sair daquele quarto a favor de arrumar minha mesa e ter espaço para preencher o novo vazio.
É uma opção. Ter uma bagunça, apreciá-la, e me fechar. Dentro do meu quarto. E analisar os copos com café, as xícaras com café, as canecas com café.
Talvez tentar pegar as ultima gotas no fundo, juntam-las todas em um liquido só e beber, tudo de uma vez. Para pelo menos terminar com aquele negro fundo. Mas não.. a questão era que tudo continuaria sujo.

Já já eu prometo me levantar, e lavar os copos.

Eu só preciso que as minhas pernas lembrem o caminho da cozinha. Não, eu não prometi para elas que tudo voltará a ser como antes, só para elas que eu não prometi.

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